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Banca de QUALIFICAÇÃO: LAÍS CRISTIANE MARTINS FREITAS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LAÍS CRISTIANE MARTINS FREITAS
DATA: 31/05/2021
HORA: 15:00
LOCAL: Remoto
TÍTULO:

ESPACIALIDADE DAS VILAS COLONIAIS DE MACAPÁ E MAZAGÃO NA VIGÊNCIA DO DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS: DIÁLOGOS ENTRE TEMPO, ESPAÇO E ENSINO SOBRE O AMAPÁ COLONIAL (1757-1798).


PALAVRAS-CHAVES:

Espacialidade; Vila de Macapá e Mazagão; documentos; indígenas; Ensino


PÁGINAS: 40
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Geografia
SUBÁREA: Geografia Humana
ESPECIALIDADE: Geografia Urbana
RESUMO:

O diálogo entre a História e a Geografia, ciências coirmãs, no que tange o estudo da relação tempo, espaço e sociedade no período colonial, se revela um caminho teórico viável na pesquisa e na produção do conhecimento geográfico. Nessa perspectiva, se observam as experiências e vivências dos agentes sociais sobre esses espaços por meio das impressões materiais e simbólicas, marcas da ação do trabalho, reconstituindo assim, a relação dinâmica entre espaço-sociedade de um determinado contexto histórico. Decerto, existem fontes e caminhos teóricos e metodológicos diferenciados para investigar e analisar as geografias do passado por intermédio da compreensão dos espaços e suas espacialidades, pois segundo afirma e explica o geógrafo Milton Santos (2008), o espaço apresenta um passado, uma história que se manifesta no presente. Desse modo, o Cabo Norte (atual Estado do Amapá), localizado na porção da Amazônia Setentrional, na segunda metade do século XVIII (1757-1798), vivenciou a implementação da Lei do Diretório dos Índios, instrumento civil que tinha funções expressas de organizar e regular as relações entre portugueses, colonos e indígenas, delimitando e sinalizando a presença lusitana nessa região específica. Esse sistema que vigorou na segunda metade dos setecentos, ensejou uma nova organização na Amazônia Portuguesa, materializada em ações que visavam a transformação dos espaços e dos núcleos coloniais. Conforme discute a estudiosa Renata Araújo (1998), a transformação desses espaços em núcleos, vilas e lugares significou a demarcação e a personificação da administração pombalina na Amazônia colonial, resultando no próprio “domar do espaço” materializado no discurso e no pragmatismo português. Nesse sentido, partindo do conceito de espaço desenvolvido com maestria por Milton Santos em conformidade com a Geografia Histórica, esta linha teórica e metodológica que se caracteriza pelo estudo das geografias do passado a partir do presente, a pesquisa em andamento, tem como objetivo geral compreender e analisar a espacialidade histórica ocorrida no Amapá colonial mediante duas vilas específicas: a Vila de Macapá e a Vila de Mazagão, ambas estiveram anexadas ao projeto colonial no Cabo Norte. Por meio da criação e a operacionalização das vilas coloniais é possível identificar e analisar a própria formação do espaço amapaense, a criação desses núcleos populacionais evidenciam e reforçam a aplicabilidade e a intensidade do projeto colonial na faixa setentrional da Amazônia Portuguesa, revelando além das transformações e dinâmicas do espaço amazônico, as relações de poder, negociações e conflitos entre autoridades lusitanas e indígenas. Ainda de acordo com Santos (2008, 2014, 2020), todo o espaço apresenta uma história permeada de formas, funções, objetos e sentidos e são esses elementos combinados com as ações humanas que acentuam e dinamizam o espaço e suas metamorfoses temporais e espaciais. Por esse viés, pode-se compreender que a experiência no Cabo Norte (atual Amapá) é uma herança do projeto de colonização firmado na horizontalidade dos espaços coloniais, cujo escopo era imprimir as marcas da administração portuguesa, todavia, nos documentos coloniais do século XVIII, mais especificamente na documentação do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), que corresponde ao conjunto de documentos analisados nesta pesquisa, demonstram realidades distintas entre a atuação portuguesa e a efetiva realidade nas vilas coloniais, certamente, em razão da presença dos indígenas, que apesar da tentativa de homogeneização das etnias nos 

documentos produzidos pelas autoridades portuguesas é possível por meio dos procedimentos da análise histórica, identificar e interpretar as experiências dos ameríndios nesses escritos. O estudo da espacialidade das vilas coloniais é um caminho para analisar a própria formação do espaço amapaense sob a perspectiva da Geografia Histórica, assim também como uma possibilidade para ser articulada e trabalhada no Ensino de Geografia por meio da confluência e a interdisciplinaridade entre a História e a Geografia. Como bem explicita Barros (2017), a junção entre as ciências demonstra um avanço nos estudos interdisciplinares, contribuindo para a formação de uma consciência entre o tempo e o espaço mediante a análise das experiências humanas, pois identificar e reconhecer o espaço onde se vive e suas especificidades é um exercício importante para compreender o próprio passado, a pertinência do tempo, as mudanças e permanências que caracterizam o espaço seja no passado colonial ou na contemporaneidade. Por conseguinte, a pesquisa também se alicerça sobre a temática do ensino por meio da elaboração de um diorama temático, essa representação tridimensional dos espaços, lugares, pessoas e objetos que converge com a exploração dos sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar) constituindo a experiência sinestésica, considero uma possibilidade para ser desenvolvida com os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental. O objetivo central com a elaboração de um diorama temático é identificar e compreender a espacialidade como o próprio espaço acontecendo de maneira lúdica e tridimensional, percebendo as formas, as funções, os sentidos, as cores do espaço em movimento. Mediante a elaboração do diorama temático, almeja-se que os estudantes desenvolvam as seguintes competências e habilidades: 1) Apreciem e manejem por meio da estrutura do diorama temático a espacialidade como o próprio espaço acontecendo; 2) Identifiquem, reconheçam e comparem as mudanças e permanências históricas e espaciais; 3) Percebam e ponderem a função e o cotidiano das vilas coloniais a partir das relações sociais entre indígenas e portugueses; 4) Interpretem o espaço amapaense enquanto uma herança histórica e espacial protagonizada pelas ações de indígenas e estrangeiros. Para finalizar, ressalta-se nesta pesquisa que a História e a Geografia coexistem e o diálogo entre as duas ciências por meio da linguagem e metodologia interdisciplinar é determinante para compreender e analisar as geografias do passado e suas espacialidades seja pelo viés da pesquisa ou do Ensino de Geografia, pois as dimensões históricas e geográficas que constituíram o Amapá colonial são contínuas e se complementam na medida em que se constrói uma consciência do tempo e do espaço mediante a percepção das experiências humanas no presente.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 1170582 - CECILIA MARIA CHAVES BRITO BASTOS
Presidente - 1509108 - EMMANUEL RAIMUNDO COSTA SANTOS
Externo à Instituição - SIMEIA DE NAZARE LOPES - UFPA
Notícia cadastrada em: 11/05/2021 10:06
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