A questão da violência na construção/reconstrução dos territórios camponeses e quilombolas: Estudo de caso no Assentamento de Reforma Agrária Bom Jesus dos Fernandes e Quilombo Lagoa dos Índios no Amapá
Território. Violência de gênero no campo. Amazônia. Comunidades Tradicionais.
A produção do território capitalista na Amazônia brasileira, baseado em um colonialismo impregnado de racismo e patriarcalismo, violentou e sujeitou as populações tradicionais dessa região, produzindo um cenário de disputas, violências e impunidades; dentre elas, a violência de gênero, historicamente invisibilizada. Nessa perspectiva, as mulheres do campo constituem importantes sujeito/objeto do lócus material e simbólico apropriado, convergindo um importante terreno de reflexões sobre a relação entre poder e cultura na Amazônia. A presente pesquisa tem como objetivo analisar a configuração da violência de gênero nos processos de territorialização do Assentamento de Reforma Agrária Bom Jesus dos Fernandes e Quilombo Lagoa dos Índios no Amapá. Os procedimentos metodológicos se constituem das seguintes etapas: a primeira etapa, em andamento, se refere ao reconhecimento da problemática e delimitação do quadro conceitual para a abordagem do território, categoria de análise geográfica basilar dessa pesquisa, o gênero enquanto categoria, violência de gênero e o corpo-território, seguido do levantamento de referencial metodológico para o trabalho de campo; a segunda etapa é o planejamento e realização da pesquisa de campo com metodologias específicas; na entidade governamental INCRA, pretende-se realizar entrevistas semiestruturadas, enquanto nas áreas de estudos a metodologia adotada será de grupos focais que consiste em entrevistas grupais; a terceira, e última etapa, corresponde às análises e reflexões de acordo com os objetivos propostos. A violência de gênero é envolvida por uma complexa relação entre corpo, poder e cultura, e revelar como se configura esse fenômeno social nesses territórios tradicionais representa uma possibilidade de reconstrução de relações e práticas do cotidiano que não limitem ou restrinjam a liberdade e a dignidade das mulheres camponesas e quilombolas da Amazônia.