POESIA E PERFORMANCE EM MACAPÁ:
A CIDADE COMO PALCO E O CORPO COMO TEXTO
poesia; performance; corpo como texto; Macapá; circulação cultural.
A poesia, que tem a cidade de Macapá como um verdadeiro palco, é escrita com o corpo do artista, no qual a sua voz e os seus movimentos performam discursos múltiplos do sujeito da Amazônia, suas memórias e experiências. É a partir desse contexto que este trabalho buscou compreender o modo de produção e circulação do movimento poético performático na cidade de Macapá enquanto fenômeno social e urbano. Partindo da interlocução das teorias acerca do estudo das literaturas pós-coloniais, dentre eles, a colonialidade do poder, estruturada nas relações raciais e patriarcais que sustentam essa matriz (Walter D. Mignolo); do entrelugar de uma literatura que viveu e vive o extermínio de seus traços originais (Silviano Santiago); e os modos de abordagem do texto literário em contexto amazônico, como a Teoria da falta (José Luís Jobim) e a teoria do Vazio cultural (Roberto Mibielli), além de análise das performances dos artistas que se apresentam dentro do espaço urbano de Macapá e que produzem discursos de sujeitos em sociedades pós-coloniais que, em um primeiro momento, revelam temáticas como a questão racial, indígena, feminista e o corpo transgênero e o não-binárie. Este trabalho objetiva compreender as dinâmicas desse movimento artístico, os seus personagens, o público, o modo de produção e a circulação desses textos-corpos. A partir disso, importa discutir as relações construídas entre o espaço urbano enquanto lugar de transformações por meio das políticas de Estado, o corpo enquanto texto capaz de criar linguagens que expressem a memória e as influências de uma cultura negra, indígena e ribeirinha e, por último, a poesia enquanto arte engendrada da linguagem social, bem como seus impactos na cultura e na sociedade locais.