"Gerei meu rebento e ele me arrebentou por dentro": o realismo na figuração da maternidade nos contos de Bruno Sérvulo
Maternidade; realismo; contos; Bruno Sérvulo; literatura amapaense.
A maternidade é assunto recorrente nas obras de Bruno Sérvulo, prioritariamente nos contos. O autor, que vive e escreve sobre/em solo amapaense, sempre buscou figurar a maternidade a partir de um viés desromantizado, por meio do estranhamento, com narrativas nas quais a sensibilidade da linguagem convive com a crueldade de seus cenários. A leitura do presente objeto de pesquisa tem por base as teorias e a crítica literária, que ao longo dos anos vêm dedicando especial atenção à literatura cuja pretensão é retratar um "mundo hostil". Logo, o objetivo deste estudo consistiu em analisar a representação das figuras maternas presentes nos contos Dores, Ventre e Eu não Aceito, sendo que o primeiro texto consta no livro (Des)graças e (In)delicadezas: sobras de pequenas criaturas (2020) e os dois últimos compõem o livro Assassinatos, mistérios e coisas sórdidas (2020). Tomando como bússola o estudo da estética do realismo na contemporaneidade e a imagem da maternidade historica e culturalmente construída, optou-se por fazer uma pesquisa de caráter exploratório, através de revisão de literatura; subsequentemente, com foco nos contos e em suas respectivas ilustrações, discutiu-se a temática escolhida. A título de organização, estatuiu-se por debater sobre os diversos olhares atribuídos à maternidade, alicerçando essa contextualização nas ideias de Badinter (1985), Nunes (2000) e Tourinho (2006). Por conseguinte, para tratar das manifestações do realismo na literatura contemporânea, estabeleceram-se relações teóricas e conceituais através do diálogo com diferentes autores, como Dalcastagnè (2000), Pellegrini (2009) e Schøllhammer (2009), para, por fim, fazer a leitura analítica do corpus dessa investigação.