NARRATIVAS INDIGENAS NO CONTEXTO ESCOLAR. Identidade e memorias dos povos Waiana e Aparai
Memórias. Narrativas. Waiana. Aparaí. Turuperé.
Este trabalho apresenta narrativas e memórias dos povos Waiana e Aparaí que habitam a comunidade Maxipurimo, problematizando as práticas culturais, as narrativas e as memórias como integradores na educação das escolas do Parque do Tumucumaque – em especial da Escola Estadual Maxipurimo. Defendemos a utilização de lendas, mitos e histórias dos povos indígenas para uso didático por entender a importância de conhecer os modos de vida dos indígenas do Brasil, em especial, dos povos Waiana e Aparaí. Nossa hipótese é a de que recorrer às histórias, mitos e lendas indígenas na educação infantil indígena como meio de manter os alunos e as alunas conectados e conectadas à diversidade cultural e de despertar neles e nelas o interesse e a valorização
da identidade indígena pode reverter um atual quadro de apagamento da cultura e da língua Waiana e Aparaí que ocorre devido ao processo histórico de colonização, à ocupação geográfica de difícil acesso dos povos Waiana e Aparaí, que faz nascer o desejo de evasão das aldeias, além de retomar tradições já esquecidas pelo constante contato com os não índios. Para alcançar o objetivo desta pesquisa, nos focamos nas narrativas que tematizam o mito da lagarta Turuperé. Além disso, são apresentadas memórias construídas ao longo do tempo desses povos associadas à história de vida da pesquisadora desta dissertação, que é de origem Waiana, além de professora indígena do Parque do Tumucumaque e, atualmente atuante na direção da escola Maxipurimo. A escolha metodológica se dá por meio de observação do ambiente escolar, pela pesquisa bibliográfica através da consulta de dados em instituições como FUNAI, IEPÊ, pela leitura de teóricos como Gallois e Grupionni (2003), que apresentam o contexto geográfico de localização das aldeias Waiana e Aparaí. Também buscamos fazer uma apresentação do contexto Waiana e Aparaí e, para isso, investigamos as possíveis origens dos Waiana e Aparaí, de seu tronco linguístico e dos aspectos de vida dos Waiana e Aparaí. Além disso, recorremos a entrevistas aos anciãos e anciãs Waiana e Aparaí para ouvir suas perspectivas acerca da história e das tradições de seus povos. Em seguida, discorremos sobre educação como prática libertadora a partir dos estudos de Freire (1967), Morin (2000) e Krenak (2021). Apoiamo-nos em Medeiros (2018) para abordar a educação indígena no Brasil de maneira mais ampla. Ao falar das escolas indígenas dos Waiana e Aparaí voltamos a utilizar as pesquisas de Gallois e Grupionni (2003) somadas ao trabalho do casal Koen (1995) para a formulação de um dicionário dos povos Waiana e Aparaí.