SABERES LOCAIS E ESCOLARIZAÇÃO: aproximações e distanciamentos nas práticas pedagógicas de docentes na Ilha de Santana/AP
Comunidade rural ribeirinha. Saberes locais. Práticas Pedagógicas. Escolarização.
O tema envolve os saberes locais e escolarização em uma comunidade ribeirinha, amazônica, denominada de Ilha de Santana/AP. Esta comunidade é reconhecida como uma comunidade rural, pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, cuja escolarização deverá considerar essa especificidade. A escolarização rural está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) n° 9.394/1996, e, de acordo, com essa política educacional, deverá haver sintonia entre os saberes locais e os conteúdos previstos no currículo oficial. A Ilha de Santana, situada à margem do rio Matapí, que é parte do município de Santana no estado do Amapá e ambiente da pesquisa, caracteriza-se como área rural e tem a especificidade de estar situada em área ribeirinha, muito comum na Região Amazônica. Na referida Ilha, há quatro escolas, incluindo a que será locus da pesquisa. O disposto no art. 28 da LDB e as características da Ilha de Santana como área rural e ribeirinha, que tem saberes locais e intergeracionais que precisam ser preservados, suscitaram o seguinte problema de pesquisa: como ocorrem as aproximações e distanciamentos dos saberes locais, nas práticas pedagógicas de docentes, no processo de escolarização na ilha de Santana/AP? O objetivo principal é analisar como ocorrem as aproximações e distanciamentos dos saberes locais, nas práticas pedagógicas de docentes no processo de escolarização, na Ilha de Santana/AP. Os objetivos específicos são: a) conhecer os saberes locais ribeirinhos, constituídos no contexto socioambiental da comunidade da Ilha de Santana/AP, que são marcadores da vivência local; b) averiguar os conteúdos curriculares aplicados nas práticas pedagógicas dos docentes do 6º, 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II; c) Verificar a relação dos conteúdos aplicados nas práticas pedagógicas dos docentes com os saberes locais. No percurso metodológico da pesquisa, optou-se por utilizar o método Hermenêutico (Gadamer, 2002), sendo a abordagem de cunho qualitativo (Minayo, 1993), o estudo de caso (Yin, 2005) como tipo da pesquisa. Como instrumentos para a coleta de dados, serão utilizadas entrevistas semiestruturadas (Manzini, 2004), a observação participante (Laville; Dionne, 1999) e registros fotográficos (Bogdan; Biklen, 1994). O locus da pesquisa será a Escola Estadual Osvaldina Ferreira da Silva. Os participantes da pesquisa serão 22 docentes da referida escola, que realizam suas atividades pedagógicas no 6º, 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II. Os dados serão organizados e analisados com o suporte de técnicas oferecidas pela Análise de Conteúdo (Bardin, 2016). A pesquisa apresenta relevância no âmbito educacional por contribuir com o debate acerca do que preconiza a Lei 9.394/1996, em seu art. 28, relativo à maneira como os saberes locais possam ser incluídos na educação escolar e, consequentemente, na prática pedagógica dos docentes. Revela-se, também, no aspecto sociocultural, no sentido de evidenciar que os conhecimentos adquiridos pelos alunos, em seus contextos de vivência, não devem ficar à margem das práticas pedagógicas de docentes em ambientes escolares institucionalizados, que funcionam em comunidades com as especificidades assinaladas, e dessa forma, fomentem a preservação dos saberes locais.