A EDUCAÇÃO DOMICILIAR ENTRE PARADIGMAS RIVAIS: as motivações das famílias homeschoolers em rejeitar a Escola
Educação Domiciliar – Homeschooling – Liberalismo – Conservadorismo – Tradicionalismo – Guerra Cultural.
O presente texto é uma Dissertação de Mestrado em Educação [em construção] do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amapá (PPGED-UNIFAP), na linha de pesquisa Educação Culturas e Diversidades, cujo tema central é a Educação Domiciliar (ou homeschooling) no Brasil. Sob o título ―A Educação Domiciliar entre Paradigmas Rivais: as motivações das famílias homeschoolers em rejeitar a Escola‖, a pesquisa tem como objetivo geral consiste em analisar, em meio a paradigmas rivais, as motivações que levam homeschoolers a rejeitarem a Escola para assim, classificá-las dando-lhe o caráter que cada uma delas tem. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, epistêmica e metodologicamente ancorada no Materialismo Histórico Dialético combinada com a Análise do Discurso. Partimos da hipótese de que, em sua manifestação atual (a partir do início do século 21), a Educação Domiciliar mantém características de épocas passadas, porém com motivações específicas do contexto de polarização ideológica atual filiada, ideologicamente ao (neo)conservadorismo. Por isso, o problema formulado visa responder a seguinte pergunta: como podem ser classificadas as motivações que justificam, em tese, a decisão dos homeschoolers em não matricularem seus filhos na Escola? A busca por respostas nos levou à investigação de temas correlatos, especialmente o conservadorismo (e o neoconservadorismo), o liberalismo (e o neoliberalismo), o tradicionalismo e as guerras culturais. As (os) principais interlocutoras(es) nessa tarefa são: Burke (1982), Scruton (2020), Oakeshott (2020), Teitelbaum (2020), Eagleton (2000), Apple (2003), Marx; Engels (2007), Santos (2021), Silva (2021) e Vasconcelos (2005; 2021). Os achados preliminares apontam que, em sua nova configuração, a Educação Domiciliar no Brasil, embora guarde semelhanças com a praticada, por exemplo, no período imperial (anos oitocentos), é um fenômeno totalmente renovado, e até avesso, tendo como principais diferenças 1) a forte influência da Nova Direita Cristã estadunidense (predominantemente evangélica pentecostal e neopentecostal) em consonância com o Tradicionalismo que, no Brasil, se convencionou chamar ―bolsonarismo‖, inspirados em lideranças políticas de cariz autoritário e populista, da extrema direita ocidental, e ainda sob a influência anti-intelectual de escritores da estirpe de um Steve Bennon e do brasileiro Olavo de Carvalho; e 2) a completa rejeição não apenas à Escola, mas, basicamente, a tudo que esteja relacionado à modernidade, incluindo a Democracia Liberal, cujos princípios fundantes (liberdade, igualdade e fraternidade) julgam ser uma ameaça real aos valores, costumes e tradições do Cristianismo, em especial à Família convencional (heteroafetiva, monogâmica e nuclear), uma vez que estaria em andamento, em nome de politicas igualitaristas, a destruição das instituições herdadas secularmente.