PARA ALÉM DO NHEENGATU: POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA PARA POVOS INDÍGENAS DO AMAPÁ (1974-1988)
Cimi. Políticas Educacionais. Políticas Linguísticas. Povos indígenas. Estado.
Neste estudo buscamos elucidar as políticas linguísticas e educacionais adotadas, entre os anos de 1974 e 1988, pelo Estado e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) junto aos os povos Karipuna e Galibi-Marworno, situados no município do Oiapoque-AP. Trata-se de pesquisa qualitativa e documental, em que foram analisados textos elaborados por agentes do Estado e da Igreja, bem como pelos próprios indígenas e publicados em: jornais, cartilhas escolares, atas de assembleias, livros de orientação para professores, pareceres, propostas de cursos, relatórios de atividades, avaliações, livros didáticos, entre outros. Tais fontes de pesquisa foram levantadas e coletadas em dois lugares: a) no repositório digital Hemeroteca Indígena; e b) na Secretaria de Estado da Educação do Amapá. Para exploração das fontes, utilizamos a Análise Crítica do Discurso (ACD), que desneutraliza crenças que dão suporte às estruturas de dominação e pressupõe que o discurso deve ser entendido como linguagem e prática social (FAIRCLOUGH, 2001). O estudo analisa as mudanças e permanências no âmbito das políticas linguísticas e educacionais elaboradas e executadas pelo Estado e pelo Cimi no período de 1974 a 1988. Nosso estudo demonstra que o Conselho Indigenista objetivava garantir, por meio de um novo modelo de educação escolar, o direito à diversidade linguística dos indígenas, enquanto que o Estado, dentro do recorte examinado, instituiu uma educação escolar que buscava dissolver a cultura dos indígenas e impor o monolinguismo em Português. Portanto, o estudo se torna relevante por abordar historicamente as políticas linguísticas e educacionais voltadas para esta parcela da população brasileira que vem sendo violentada e invisibilizada, bem como por fomentar novas pesquisas no campo da história da educação indígena, no contexto amazônico.