EDUCAÇÃO EM MISSÕES JESUÍTICAS FRANCESAS: SABERES E FAZERES HÍBRIDOS NA FRONTEIRA FRANCO-PORTUGUESA (1714-1765)
Educação. Jesuítas. Indígenas. Missões. Hibridismo. Amazônia colonial
Este estudo tem como propósito compreender as experiências educativas vivenciadas por grupos indígenas e jesuítas nas missões religiosas francesas fundadas na Guiana Francesa e Oiapoque no século XVIII. Nesse sentido, o interesse desta investigação é analisar conflitos e negociações entre estes sujeitos em situação colonial. Para tanto, utilizaremos como fonte o conjunto de cartas edificantes e curiosas escritas por jesuítas franceses do setecentos que aí atuaram. Esses documentos podem ser considerados como um dos principais materiais de pesquisa para entender a história da educação da Amazônia colonial. Destacamos a contribuição da pesquisa para com a historiografia da América colonial, sobretudo pela análise da educação, pois se trata de um tema pouco discutido nos estudos acadêmicos dos Programas de PósGraduação em educação e de história. O debate pretende desconstruir epistemologias que tem como base a perspectiva eurocêntrica, cuja abordagem apenas reserva aos indígenas um lugar de cativo, de mão de obra ou ente coisificado, sem considerar a agência desses sujeitos. Desse modo, adotamos um enfoque fundamentado nas teorias pós-coloniais de Homi Bhabha e Edward Said, na História Cultural e na História indígena. Esta pesquisa tem caráter qualitativo e foi construída por meio da pesquisa documental e da técnica de análise de conteúdo. Analisamos o cotidiano educativo das missões Kourou, Saint Joseph, Saint Paul, Ouanary e Sinamary, considerando as formas de articulação dos grupos indígenas e jesuítas que, afinal, tanto possuíam interesses particulares quanto negociavam entre si.