o PROJETO FORMATIVo do engenheiro na contemporaneidade: entre a formação humana e a mercadológica
Reestruturação produtiva. Educação Superior. Formação do Engenheiro. Formação mercadológica. Formação humana.
O tema desta pesquisa é o projeto formativo dos cursos de Engenharia frente à perspectiva de formação humana como possibilidade de superação do viés mercadológico. Possui como objeto de estudo a formação inicial do engenheiro. Nesse sentido, tem como objetivo geral analisar em que medida as propostas pedagógicas de Cursos de Engenharia de uma Instituição de Ensino Superior Estadual, articulam-se ao imediatismo dos interesses mercadológicos instituídos no contexto da reestruturação produtiva do capital. Para tanto, metodologicamente, trata-se de um estudo inspirado nos princípios do Materialismo histórico-dialético, de caráter exploratório, ancorado na abordagem qualitativa e que utiliza a pesquisa bibliográfica e a documental, cujo corpus é constituído dos seguintes documentos: orientações gerais para as diretrizes dos cursos de graduação, Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Engenharia. Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)/Projeto Pedagógico Institucional (PPI) (2018-2022) da UEAP, Projetos Pedagógicos vigentes dos Cursos de Bacharelado em Engenharia de Produção (2009), Engenharia Química (2010) e Engenharia Ambiental (2011) da UEAP. Para a análise das informações obtidas é empregada a técnica da Análise Dialógica do Discurso (ADD) e as contribuições do pensamento bakhtiniano. As reflexões permitem constatar que o processo de reconfiguração da Educação Superior e das universidades é regido pelo contexto da reestruturação produtiva, no qual prevalece a lógica econômica e a manutenção dos interesses do capital, cujo discurso falacioso da “democratização” do acesso ao ensino é embasado na expansão e consolidação privado-mercantil. Infere-se ainda que, historicamente, a formação do engenheiro também é atravessada por múltiplas determinações políticas e econômicas, subordinando-se as demandas do modo de produção vigente. No que concerne às Diretrizes Curriculares Nacionais voltadas para os cursos de Engenharia, estas corroboram para a consolidação da hegemonia neoliberal, na medida em que promovem desenhos curriculares articulados com a sustentação da esfera produtiva capitalista, preconizando a valorização do conhecimento técnico e corroborando para a formação de um trabalhador cada vez mais explorado e preparado para adaptar-se a novas situações. Por seu turno, um cotejamento da formação do engenheiro na Universidade do Estado do Amapá permite afirmar que os achados da pesquisa apontam que a formação do engenheiro na UEAP está em grande medida articulada a uma formação mercadológica, ou seja, para o atendimento das imediaticidades das demandas no mundo produtivo.