“SE EU NÃO FIZER O BEM, O MAL NÃO FAÇO!”: AS PRÁTICAS RELIGIOSAS AFROINDÍGENAS DO QUILOMBO DO CRIA-Ú E O CURRÍCULO DE ENSINO RELIGIOSO DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ BONIFÁCIO
Cultura. Afroindiginismo. Quilombo do Cria-ú. Educação Quilombola. Ensino Religioso.
A presente dissertação intitulada, “Se eu não fizer o bem, o mal não faço!”: as práticas religiosas afroindígenas do Quilombo do Cria-ú e o currículo de Ensino Religioso da Escola Estadual Quilombola José Bonifácio, objetiva discutir como estão configuradas as práticas religiosas das benzedeiras do Quilombo do Cria-ú e como estas práticas são abordadas no currículo de Ensino Religioso da escola da comunidade. Trata-se de um estudo de caso de tipo etnográfico, de natureza qualitativa e com técnicas de pesquisa: a observação participante, as entrevistas semiestruturadas e a descrição densa dos fatos encontrados em campo. A finalidade da mesma é analisar como se configuram as experiências religiosas vivenciadas pelas benzedeiras criauenses e como tais vivências estão dispostas no currículo oficial da disciplina de Ensino Religioso da escola da comunidade. Os resultados apontam que no Quilombo do Cria-ú, assim como em toda a região amazônica, os trabalhos físicos e espirituais desenvolvidos pelas benzedeiras, como benzeções, passes, aconselhamentos, partos, massagens, produção de garrafadas, banhos e chás de plantas medicinais, entre outras atividades, são muito recorridos e compõem a identidade afroindígena local. Os resultados apontam também, que mesmo estando localizada em uma área quilombola e ser regimentada por legislações específicas, a prática do Ensino Religioso, ministrado do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, da Escola Estadual Quilombola José Bonifácio, ainda segue padrões confessionais, reduzindo os conteúdos ministrados em sala de aula a valores e princípios morais do cristianismo, não considerando os elementos afroindígenas da religiosidade local.