DO OUTRO LADO DO BEIRADÃO: A FRONTEIRA ENTRE LARANJAL DO JARI-AP E MONTE
DOURADO-PA
Projeto Jari, Beiradão, Fronteira entre o Amapá e Pará.
A região amazônica foi e é palco de diversos encontros e desencontros que surgem desde a conquista portuguesa destas terras, e que formam fronteiras espaciais, sociais e culturais, as quais também atravessam o extrativismo do látex, da castanha e da celulose neste torrão. Com a Ditadura Militar (1964-1985) a Amazônia passou da tradicional percepção das clássicas obras que a retratam como um “Inferno Verde” para a moderna concepção de “El Dourado”, incentivando a instalação de grandes projetos econômicos e a efetiva ocupação da região por estrangeiros e migrantes. Desse modo, utilizando do mesmo método de Velho (2009), em comparação a Tese de Turner da “Marcha para o Oeste”, observa-se no Brasil do século XX um grande fluxo de migrações internas devido este incentivo, nesse contexto se encontra o Projeto Jari, o qual foi pensado nos moldes do discurso de desenvolvimento e integração do território brasileiro, durante uma ditadura que buscou assumir o comando de um processo de modernização e transformação da sociedade através do seu desenvolvimento capitalista, sendo a fronteira um locus importante para que se dê esse progresso. A partir destes aspectos, o presente trabalho tem como objetivo analisar a implantação desta política de desenvolvimento através do Projeto Jari, na fronteira entre o Amapá (Laranjal do Jari) e o Pará (Monte Dourado), para compreender os impactos socioculturais nas relações da população que vive nesta fronteira.