"ISSO NÃO É AÇAÍ " - DA TRADIÇÃO A TRANSFRONTEIRIZAÇÃO DO AÇAÍ.
Cadeia produtiva do açaí, ressignificação cultural, fronteiras econômicas.
A cadeia produtiva do açaí na região amazônica apresentou nas últimas duas décadas importantes transformações que contribuíram para alterar as relações socioeconômicas, inserir novos agentes e transbordar fronteiras econômicas e culturais. Esta dissertação buscou abordar tais transformações por meio da análise do processo de transfronteirização do fruto através de sua inserção na cadeia global de valor (CGV). No Amapá a participação na CGV está diretamente ligada a presença de empresa exportadora de açaí no estado e que mantém relações diretas com produtores extrativistas. No caso desta pesquisa, foi investigado a relação com a comunidade ribeirinha de Foz do Mazagão na Velho. O objetivo principal foi compreender de que maneira as relações transfronteiriças foram estabelecidas e de que forma esse açaí foi apresentado para atender as conveniências mercadológicas mundiais. Para realizar a pesquisa a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, de artigos científicos e jornalísticos, analise de conteúdo de sítios digitais, documentos públicos e material de propaganda em marketing. Questionário em formulários não identificados e rodas de conversas com lideranças da comunidade, extrativistas e representantes da empresa exportadora. Os resultados alcançados nos permitem apontar que as consequências diretas da valorização do açaí nos mercados nacionais e internacionais levam a formação de novas fronteiras econômicas para a cadeia do açaí, a mudanças no comportamento e padrão de vida dos atores sociais envolvidos na base da produção e a uma ressignificação cultural do açaí para espaços não amazônicos.