Deste Lado do Rio: interculturalidade e ensino de História na fronteira oiapoquense
Ensino de História; Fronteira; Interculturalidade; Oiapoque
Neste estudo parte-se do pressuposto de que a história deve ser ensinada em
consonância com as especificidades do lugar no qual tal ensino ocorre. O lugar
enfocado neste estudo é a área urbana do município de Oiapoque, no norte do estado do
Amapá, marcadamente um espaço intercultural. Dois conceitos são centrais nesta
pesquisa: fronteira, como um recurso epistemológico, e interculturalidade, para
evidenciar a questão das diferenças. Foram coletados e analisados documentos oficiais
que tratam de políticas públicas educacionais para a região de fronteira e as proposições
destes foram confrontadas com as ações efetivamente realizadas pelo Estado. Para tal,
foi realizada pesquisa de campo que nos permitiram observar e analisara experiência
dos agentes educacionais (professores de história e coordenadores pedagógicos), com
quem também dialogamos, tendo como aporte metodológico a história oral. A partir da
análise feita, reconhece-se que ações pedagógicas e Ensino de História pautados na
interculturalidade e/ou no bilinguismo dificilmente se fazem presentes na realidade da
fronteira oiapoquense. Portanto, este estudo problematiza o silenciamento das políticas
públicas e do Ensino de História em relação a pluralidade cultural desta fronteira. A
partir da experiência dos sujeitos pesquisados foi possível caracterizar o espaço escolar
fronteiriço como intercultural e reconhecer as assimetrias existentes entre os diversos
grupos sociais, a forte interrelação entre diferentes sujeitos e grupos socioculturais.
Infere-se neste estudo que uma proposição para o Ensino de História em contextos
fronteiriços tem que ter como foco a valoração positiva das diferenças presentes neste
contexto com vistas a superar as desigualdades. As escolhas no ensinar devem aí ter em
conta a diversidade, as variadas referências culturais e sociais dos públicos escolares,
rompendo com o padrão segregacionista que está camuflado em políticas públicas
educacionais assimilacionistas e excludentes.