COMUNIDADES DE TERREIRO E SABERES TRADICIONAIS: Usos e possibilidades metodológicas para o ensino de história em escolas da rede pública na cidade de Macapá/AP
Ensino de História. Saberes Tradicionais. Racismo Religioso. Estudos Decoloniais.
O presente projeto de pesquisa que tem como temática os saberes tradicionais produzidos nos espaços afrodiaspóricos conhecidos como Terreiros de Candomblé e reflete sobre as potencialidades metodológicas de seu uso para o Ensino de História. Tem por objetivos contribuir com a discussão do campo de pesquisa da História e Cultura Afro-brasileira e da Educação para as Relações Étnico-Raciais, refletir criticamente sobre os desafios para a implementação da Lei 10.639/2003, e a necessidade de inserir no ambiente escolar epistemologias outras que contraponham a hegemonia das premissas eurocentradas e as diferentes tecnologias da colonialidade, dentre elas o racismo estrutural e o racismo religioso, caracterizado pela ausência desses saberes nos currículos e materiais didáticos, o que reforça o paradigma da exclusão. Também objetiva propor a elaboração de uma cartografia afro-religiosa do tipo trilha educativa a partir do georreferenciamento dos terreiros de candomblé, bem como dos espaços sagrados que os constituem, como instrumento pedagógico no auxílio a professores dos anos finais do ensino fundamental. Como recursos metodológicos a pesquisa fará uso da análise bibliográfica e da observação etnográfica. Quanto a abordagem a pesquisa será qualitativa, utilizará fontes da tradição oral, expressas nas cerimônias religiosas e nas relações estabelecidas nas comunidades tradicionais de terreiro Unzo Lunda Kissimbi Junsara, Ilê Axé Ibi Olufonnin e ilê Asè Omin Odô/Terreiro da Caboca Jurema. Também utilizará técnicas da história oral para a produção de fontes, através da realização de entrevistas semiestruturadas. A análise tomará como referencial as premissas epistemológicas dos estudos decoloniais, propondo evidenciar os terreiros de candomblé como campos pedagógicos de construção e transmissão de saberes históricos não escolares relevantes para ressignificar as trajetórias históricas das populações negras, subalternizadas pelo viés da invisibilidade e silenciamento de sua cultura na sociedade e no espaço escolar, possibilitando a construção de processos educacionais que promovam a inclusão de referenciais epistemológicos capazes de transformar a realidade escolar partindo do reconhecimento e valorização de sua diversidade étnica e cultural.