Estudo da atividade antiinflamatória e antialérgica do kefir e seu pós-biótico, kefirano: uma terapia alternativa na alergia alimentar infantil
Alergia alimentar; kefirano; in silico; zebrafish; alimentos funcionais; toxicidade.
Introdução: Alergia alimentar é um problema de saúde pública, afetando o estado nutricional e qualidade de vida de pessoas de todas as faixas etárias, principalmente crianças. O kefir demonstra efeitos benéficos à saúde, mas ainda são necessários estudos sobre o seu principal componente: o kefirano. Objetivo: Avaliar a atividade anti-inflamatória e antialérgica do kefir e kefirano in silico e in vivo. Material e Métodos: Foi realizada cromatografia do extrato dos grãos de kefir de leite. No estudo in silico, foi realizada predição de propriedades farmacocinéticas e toxicológicas, predição de atividade biológica e simulação de “docking” molecular entre o kefirano e os alvos biológicos selecionados. No estudo in vivo em zebrafish, foi avaliada a toxicidade aguda do kefirano por meio do teste limite com análise histológica de brânquias, rins, fígado e intestinos. A atividade anti-inflamatória e antialérgica foi avaliada por meio da indução intraperitoneal de dextrana e histamina, com análise da formação do edema, comportamento, leucograma e histologia de brânquias e intestino. Resultados e discussão: Na cromatografia, o kefirano foi identificado como o principal componente. Os resultados in silico mostraram baixa absorção oral humana e intestinal; baixo valor de logP, baixa permeabilidade em células MDCK e Caco-2, e incapacidade de cruzar a barreira hematoencefálica. O kefirano não apresentou nenhum alerta para toxicidade e apresentou potencial para as atividades: antialérgica, anti-inflamatória, antioxidante e imunoestimulante. No “docking”, a maior afinidade foi com o alvo VEGF. No estudo in vivo, o kefirano não causou alterações de toxicidade e demonstrou efeito antiedematogênico pela via da histamina, inibindo o processo antialérgico e anti-inflamatório. Conclusões: Portanto, o kefirano é seguro e pode ser usado para desenvolver medicamentos ou alimentos funcionais para a prevenção ou tratamento de doenças alérgicas ou inflamatórias, como alergias alimentares infantis.