Obtenção de nanoemulsão antibacteriana e antihelmíntica a base do óleo essencial de Pectis elongata Kunth: uma estratégia inovadora para a piscicultura
nanotecnologia, sanidade animal, segurança alimentar
Introdução: Surtos de doenças ameaçam a sustentabilidade da aquicultura. Muitos quimioterápicos utilizados atualmente são inespecíficos, sendo prejudiciais aos organismos cultivados, consumidores e meio ambiente. Recentemente, alternativas ecológicas e de baixo custo, como os produtos naturais vegetais, têm ganhado espaço no controle de doenças em aquicultura. Dentre eles se destacam os terpenóides – constituintes dos óleos essenciais (OEs) vegetais. Entretanto, sua baixa solubilidade em água, torna sua aplicação em meio aquoso um desafio tecnológico. Portanto, o desenvolvimento de sistemas nanoestruturados, se torna uma alternativa viável para melhorar essa característica Objetivo: Este estudo visou obter uma nanoemulsão a base
do OE de Pectis elongata com atividades antibacteriana e antihelmíntica para aplicação em piscicultura. Métodos: A nanoemulsão foi obtida por abordagem de baixo aporte de energia e suas características físicas foram analisadas por espalhamento dinâmico da luz. O perfil fitoquímico do OE e a nanoemulsão foi caracterizado por cromatografia gasosa. Foram realizados testes de patogenicidade com a cepa padrão de Aeromonas hydrophila em Colossoma macropomum. Foi comparada a eficácia da nanoemulsão com o OE através de testes in vitro: antibacteriano usando cepas padrão e isolada de A. hydrophila; e antihelmíntico em arcos branquiais de C. macropomum parasitados por monogenóides. Resultados e discussões: A abordagem de baixo aporte de energia foi eficiente para gerar nanoemulsão com tamanho médio de gotícula de 116,4 nm e índice de polidispersão (IP) em torno de 0,215. O tamanho das gotículas aumentou, a partir do 30o dia, entretanto o IP diminuiu, sugerindo maior homogeneidade de tamanho nas populações de gotículas. O sistema não apresentou cremagem, nem separação de fases. A nanoemulsificação não alterou o perfil fitoquímico do OE e ambos apresentaram cerca de 90% de citral, com a mesma proporção de isômeros. Os testes de patogenicidade mostraram que a cepa padrão de A. hydrophila possui os fatores de virulência capazes de infectar os juvenis de C. macropomum. Os ensaios antibacterianos mostram que apenas a cepa isolada foi sensível aos tratamentos, e a concentração inibitória mínima (CIM) para a nanoemulsão e OE foi 187,5 mg/L e 250 mg/L, respectivamente. Nos ensaios anti-helmínticos observamos maior atividade da nanoemulsão, comparada ao OE, na maior concentração. Conclusões: A nanoemulsão apresentou satisfatória estabilidade física e a nanoemulsificação não alterou a proporção de citral. Os ensaios biológicos sugerem um maior potencial biológico a para a nanoemulsão em algumas concentrações. Este estudo abre perspectivas para novos
protótipos e ensaios in vivo do OE de P. elongata em aquicultura.