INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS E OPERACIONAIS DA HANSENÍASE NO ESTADO DO AMAPÁ, 2005 A 2015.
Hanseníase; Indicadores epidemiológicos; Indicadores operacionais; Amapá.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta que acomete principalmente a pele e os nervos periféricos. Apesar dos importantes avanços no controle da doença no Brasil, esta se mantém com elevada magnitude na maioria dos estados brasileiros. O objetivo do estudo foi caracterizar os indicadores epidemiológicos e operacionais da hanseníase no Estado do Amapá, no período de 2005 a 2015. Realizou-se um estudo quantitativo, descritivo, de base populacional a partir de dados secundários extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Estado do Amapá. Para a caracterização da população estudada foram coletadas as informações das fichas de notificação e analisou-se três indicadores epidemiológicos e quatro indicadores operacionais. A análise da evolução temporal dos indicadores epidemiológicos, dos indicadores operacionais e das proporções foi feita através de modelos de regressão linear, realizadas com os softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Um total de 1662 casos novos residentes foram notificados no Estado no período do estudo. Constatou-se o predomínio de casos novos notificados na cidade de Macapá (86,8%), residindo na capital (62,1%), vivendo na zona urbana (85%) e diagnosticados no centro de referência (83,6%). A maioria da população era do sexo masculino (61,8%), na faixa etária entre 15 a 45 anos (59%), pardos (83,4%), com ensino fundamental incompleto (56,5%), multibacilares (60,2%), com forma clínica dimorfa (44%), com até cinco lesões cutâneas (56,5%). A taxa de casos novos por 100 mil habitantes apresentou uma tendência decrescente significativa, no entanto, a endemicidade no Estado do Amapá ainda é “alta” segundo parâmetros de referência para esse indicador. A taxa de casos novos em menores de quinze anos e a proporção de casos com grau dois de incapacidade física no momento do diagnóstico não apresentaram uma tendência de evolução estatisticamente significativa, porém o Estado apresentou continuidade de casos novos em crianças e elevada proporção de casos novos com grau dois de incapacidade física no momento do diagnóstico, indicativo de transmissão ativa e diagnóstico tardio. Verificou-se tendência crescente significativa para os todos os indicadores operacionais pesquisados: 1) proporção de cura; 2) proporção de contatos examinados; 3) proporção de casos novos avaliados quanto ao grau de incapacidade física na alta; 4) Proporção de casos com grau de incapacidade física avaliado na alta/cura, indicando a melhoria da qualidade dos serviços de saúde aos pacientes afetados pela hanseníase. Os indicadores epidemiológicos analisados indicam manutenção da transmissão ativa e diagnóstico tardio, sinalizando uma possível endemia oculta da hanseníase no Estado do Amapá.