DOENÇA DE CHAGAS NO AMAPÁ: comportamento da endemia e acesso do usuário ao diagnóstico e tratamento
Doença de chagas. Epidemiologia. Acesso aos serviços de saúde. Amapá.
Considerada um grave problema de saúde pública, o controle da doença de Chagas ainda é visto como um desafio, especialmente no que diz respeito à forma de transmissão, diagnóstico precoce e ao caráter crônico e incapacitante do agravo. Sob esta ótica, esta pesquisa tem como objetivo: descrever o comportamento epidemiológico da doença de Chagas no Amapá, no período de 2010 a 2020, e as implicações relacionadas ao acesso ao diagnóstico e tratamento do agravo no estado. Trata-se de um estudo de caráter descritivo, exploratório, retrospectivo, com abordagem quantitativa e qualitativa. Coleta de dados realizada por meio de questionário sociodemográfico, epidemiológico e clínico, seguido de entrevista semiestruturada. Os resultados do estudo apontam que o perfil sociodemográfico, epidemiológico e clínico, assim como, as variavéis de acesso aos
serviços de saúde envolvidas no processo de busca pelo diagnóstico e tratamento da doença de Chagas, impactam diretamente no comportamento da doença no estado do Amapá, influenciando na qualidade de vida do paciente e na busca de estratégias para enfrentamento da enfermidade. A análise das narrativas dos entrevistados quanto ao percurso traçado, nos leva a refletir o quanto o sistema público de saúde está fragilizado, visto que a oferta dos serviços ainda está centralizada na atenção especializada, sendo que a atenção primária não está preparada para a identificação da doença, tão pouco a média e alta complexidade estão qualificadas para uma assistência resolutiva e isso faz com que o usuário padeça construindo o seu percurso em busca de resolutividade das suas necessidades em saúde.A identificação do perfil desses usuários nos últimos onze anos contribui para o conhecimento de uma realidade que se faz presente no estado, mas que ainda sim, é pouco discutida e investigada. Contribuindo para o surgimento de estratégias de melhoria no atendimento, principalmente no fortalecimento do sistema de referência e contrarreferência, regulação de consultas e exames, desde que sejam implementadas condutas sistematizadas, elaboração de protocolos com a finalidade de trabalho preventivo e fortalecimento do sistema de vigilância em saúde.