O AMBIENTE DE TRABALHO E OS DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE DE AGRICULTORES FAMILIARES QUE ATUAM NA FEIRA DO PRODUTOR RURAL DO BAIRRO BURITIZAL EM MACAPÁ-AP.
Determinantes sociais de saúde. Agrotóxicos. Ambiente de trabalho. Agricultura familiar.
Introdução- Os determinantes sociais (DSS) da saúde segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estão
relacionados às condições em que uma pessoa vive e trabalha. Também podem ser considerados os fatores sociais,
econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas
de saúde e fatores de risco à população, tais como moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego. No caso
dos agricultores, diversos DSS somam-se para acentuar o processo saúde-doença em especial as condições e
ambientes de trabalho que muitas vezes é envolto de uso de agrotóxicos. Objetivos- Por esse motivo este estudo
se propôs a discutir de que forma o ambiente e as condições de trabalho e os outros determinantes de saúde são
riscos de adoecimento ocupacional nos trabalhadores da agricultura familiar que atuam na feira do buritizal.
Métodos- Para isso foi feito um estudo epidemiológico observacional do tipo descritivo e transversal com
abordagem quantitativa e qualitativa com aplicação de formulário aos trabalhadores da feira do buritizal com
perguntas para verificar os determinantes sociais de saúde desse grupo e a percepção de sintomas relacionados a
intoxicação por defensivos agrícolas nos últimos 6 meses. Além disso, foi feito visita na área de produção dos
agricultores a fim de verificar distorções à segurança do trabalho verificando riscos a saúde a que esse trabalhador
esta exposto. Resultados Os agricultores familiares do ramo de hortaliças que atuam na feira do buritizal são a
maioria ( 87,6% ) da região do Km 9, pólo e mini pólo da fazendinha. A escolaridade 43,8% é de pessoas que
estudaram menos de 4 anos. Com faixa etária prevalente de 46,7% de pessoas entre 37 a 55 anos, 40% com mais
de 55 anos. 93,4% afirmam trabalhar mais de 8 horas por dia. Referente a renda familiar diária per capita 33,3%
vivem com uma renda de 20 reais ou mais e 26,7% com renda entre 10 e 14 reais per capita por dia. 66,7%
afirmam não fazer o uso de agrotóxico e 33,7% afirmam usar. 73,3% acham que o uso desses produtos pode ser
prejudicial a saúde. 53,3% afirmam não ter nenhuma atividade de lazer e 73,4% referem nunca terem tirado um
mês de férias. Sobre a periodicidade de consultas 80% afirmam que passam mais de 36 meses sem consultar com
nenhum profissional de saúde e 53,3% referem sentirem dores musculoesquelético, além de 80% afirmarem não
fazer uso de protetor solar e 53,3% avaliam a saúde ofertada pelo Estado e município onde residem como muito
ruim. Importante frisar que a região onde residem os agricultores não dispõe de abastecimento de água tratada,
esgoto e a coleta de lixo é presente em apenas na residência de 50% dos entrevistados. Nas visitas na área de
produção de uma parte da amostra percebeu-se a contradição entre a afirmação de não usar agrotóxico com a
presença de embalagens dos produtos na área de produção. Além disso, os equipamentos de proteção individual
demonstrados eram praticamente inexistentes expondo o trabalhador a riscos advindos da utilização incorreta de
agrotóxicos. Conclusão- Os resultados preliminares demonstram que os DSS estudados são fatores de risco para
aumentar o processo saúde-doença das pessoas pesquisadas e o uso de agrotóxicos ainda é uma realidade na
produção de muitos agricultores familiares sendo necessário ainda o seguimento da pesquisa para verificar as
condições de exposição a esses produtos e outros riscos decorrentes do trabalho.