Prevalência e fatores associados à síndrome da fragilidade e mortalidade em idosos
comunitários de Macapá-AP
Idoso Fragilizado. População Urbana. Estudos Longitudinais. Mortalidade. Análise de
Sobrevida.
A fragilidade é uma síndrome geriátrica associada a desfechos adversos a saúde, bem
como hospitalização, quedas, prejuízo da qualidade de vida, sarcopenia e, sobretudo, o
óbito. A associação entre fragilidade e mortalidade entre idosos comunitários vem sendo
discutida na literatura científica, com predominância no cenário internacional e, não
somente o comportamento de tais variáveis, mas também, os fatores que se apresentam
associados, e a sua prevalência são objetos de estudo na área da gerontologia na
atualidade. Fatores como sexo feminino, etnia, baixa escolaridade, baixo nível de
atividade física e polifarmácia parecem estar associados a esta condição clínica, e quanto
a sua prevalência, nota-se uma heterogeneidade de dados entre as publicações científicas.
No Brasil, poucos estudos conduzidos com idosos da comunidade exploraram esta
temática, principalmente, na região norte do país. Dentro do exposto, o presente estudo
objetivou analisar a prevalência e os fatores associados a síndrome da fragilidade e
sobrevida entre idosos da comunidade no período de 2017 a 2021/2022. Estudo
observacional, com delineamento longitudinal, que utilizou dados de pesquisa prévia
(linha de base 2017, n= 411), conduzido com idosos residentes na área urbana do
município de Macapá-AP, no qual foram coletadas variáveis socioeconômicas, clínicas e
de saúde, diagnóstico de fragilidade avaliado por meio do fenótipo de fragilidade de Fried
e mortalidade. Procedeu-se a estatística descritiva por meio de frequências absolutas e
percentuais para as variáveis categóricas e medidas de tendência central (média) e
variabilidade (desvio padrão) para as numéricas. Para verificar as características
associadas à presença de fragilidade e de pré-fragilidade, foram realizadas a Análise de
Correspondência Múltipla e de Agrupamento. Além disso, foi realizada Regressão de Cox
Multivariada, tendo como desfecho o óbito, e estabelecida análise de sobrevivência por
meio do método Kaplan-Meier, considerando intervalo de confiança de 95% e p≤0,05. A
idade dos participantes variou entre 60 a 69 anos (52%), a maioria do sexo feminino
(66,3%). A prevalência de idosos frágeis foi de 10,2% (n= 42) e de pré-frágeis de 55,6%
(n= 228). No plano fatorial, as características observadas para o grupo de idosos frágeis
foram: idade entre 70 e 79 anos, com percepção de saúde negativa, com medo de cair,
que sofreram queda, com sintomatologia depressiva, desempenho físico ruim e
dependente nas AIVD’s (Atividades Instrumentais de Vida Diária). As características
observadas para o grupo de idosos pré-frágeis foram: idade entre 70 e 79 anos, com quatro
anos ou menos de escolaridade, sem companheiros, com presença de cinco ou mais
doenças, com percepção de saúde negativa, com medo de cair, desempenho físico ruim e
dependente nas AIVD’s. Os óbitos corresponderam a 15,3% (n=63) da amostra (n= 29
homens e n= 34 mulheres). Idosos frágeis apresentaram menor probabilidade de
*Dados obrigatórios para cadastro no sistema.
sobrevida em relação aos pré-frágeis e não frágeis (p<0,001). No modelo de Cox ajustado,
a fragilidade se configurou como preditora de mortalidade (HR=6,43; IC95%: 2,81-
14,68; p<0,001). Em uma análise por sexo, as mulheres frágeis apresentaram maiores
riscos para mortalidade (HR=9,52; IC95%: 3,10-29,24; p<0,001) quando comparadas as
pré-frágeis (HR=1,98; IC95%: 0,71-5,55; p= 0,191).